quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

O Amor no Pensamento de Bento XVI - por Pe.João J. Vila-Chã, SJ


Neste Dia dos Namorados (penso ser ainda assim que o dia que se diz de São Valentino também se chama), julgo oportuna uma visita a um dos textos mais admiráveis do Papa Bento XVI. Refiro-me, naturalmente, à Encícilia Deus Caritas est, a primeira deste notável Pontificado, promulgada na Igreja com data de 25 de Dezembro de 2005.Trata-se, como todos saberão, de uma profunda reflexão sobre Deus e o Amor, ou melhor, sobre o Deus que é Amor e o Amor que reflecte, como nenhuma outra realidade, a Realidade que Deus mesmo, em pessoa, é. Pessoalmente, estou convencido que Bento XVI, que em breve voltará a ser apenas Joseph Ratzinger, Bispo Emérito de Roma, ficará conhecido como um dos grandes Pensadores sobre o Amor e as suas implicações, sejam elas antropológicas, sociopsicológicas e, naturalmente, também, se não mesmo sobretudo, eclesiológicas. Penso, portanto, que pode ser uma excelente ideia para qualquer namorado/a, apaixonado/a ou já casado/a, ou seja, quem quer que alguma vez no seu corpo e na sua alma faça ou tenha feito a experiência de se sentir amado/a e de amar em retorno, ideia que acho tanto mais interessante e útil num dia como este, um que lamentavelmente vejo tão instrumentalizado mais para fins comerciais do que para a descoberta e a realização de propósitos que penso serem fundamentais à dimensão propriamente humana da vida,  dizia, acho sumamente importante, pois pode ser útil e até salvífico, recordar hoje linhas do pensamento do nosso querido Papa Bento XVI tais como as seguintes:

«O amor de Deus por nós é questão fundamental para a vida e coloca questões decisivas sobre quem é Deus e quem somos nós. A tal propósito, o primeiro obstáculo que encontramos é um problema de linguagem. O termo « amor » tornou-se hoje uma das palavras mais usadas e mesmo abusadas, à qual associamos significados completamente diferentes. (…). Em primeiro lugar, recordemos o vasto campo semântico da palavra « amor »: fala-se de amor da pátria, amor à profissão, amor entre amigos, amor ao trabalho, amor entre pais e filhos, entre irmãos e familiares, amor ao próximo e amor a Deus. Em toda esta gama de significados, porém, o amor entre o homem e a mulher, no qual concorrem indivisivelmente corpo e alma e se abre ao ser humano uma promessa de felicidade que parece irresistível, sobressai como arquétipo de amor por excelência, de tal modo que, comparados com ele, à primeira vista todos os demais tipos de amor se ofuscam. Surge então a questão: todas estas formas de amor no fim de contas unificam-se sendo o amor, apesar de toda a diversidade das suas manifestações, em última instância um só, ou, ao contrário, utilizamos uma mesma palavra para indicar realidades totalmente diferentes?»
Depois, explicando a diferença e a unidade entre as noções de « Eros » e « agape », o Santo Padre acrescenta: «Ao amor entre homem e mulher, que não nasce da inteligência e da vontade mas de certa forma impõe-se ao ser humano, a Grécia antiga deu o nome de eros. Diga-se desde já que o Antigo Testamento grego usa só duas vezes a palavra eros, enquanto o Novo Testamento nunca a usa: das três palavras gregas relacionadas com o amor — eros, philia (amor de amizade) e agape — os escritos neo-testamentários privilegiam a última, que, na linguagem grega, era quase posta de lado. Quanto ao amor de amizade (philia), este é retomado com um significado mais profundo no Evangelho de João para exprimir a relação entre Jesus e os seus discípulos. A marginalização da palavra eros, juntamente com a nova visão do amor que se exprime através da palavra agape, denota sem dúvida, na novidade do cristianismo, algo de essencial e próprio relativamente à compreensão do amor. Na crítica ao cristianismo que se foi desenvolvendo com radicalismo crescente a partir do iluminismo, esta novidade foi avaliada de forma absolutamente negativa. Segundo Friedrich Nietzsche, o cristianismo teria dado veneno a beber ao eros, que, embora não tivesse morrido, daí teria recebido o impulso para degenerar em vício. Este filósofo alemão exprimia assim uma sensação muito generalizada: com os seus mandamentos e proibições, a Igreja não nos torna porventura amarga a coisa mais bela da vida? Porventura não assinala ela proibições precisamente onde a alegria, preparada para nós pelo Criador, nos oferece uma felicidade que nos faz pressentir algo do Divino?»
Dito isto, a questão é a de saber até que ponto é verdade a suspeita de Nietzsche segundo a qual o cristianismo não terá feito mais do que destruir a dimensão erótica da vida. Nesse sentido, o Papa explica: «Os gregos − aliás de forma análoga a outras culturas − viram no eros sobretudo o inebriamento, a subjugação da razão por parte duma « loucura divina » que arranca o homem das limitações da sua existência e, neste estado de transtorno por uma força divina, faz-lhe experimentar a mais alta beatitude. Deste modo, todas as outras forças quer no céu quer na terra resultam de importância secundária: «Omnia vincit amor — o amor tudo vence », afirma Virgílio nas Bucólicas e acrescenta: « et nos cedamus amori — rendamo-nos também nós ao amor ». Nas religiões, esta posição traduziu-se nos cultos da fertilidade, aos quais pertence a prostituição « sagrada » que prosperava em muitos templos. O eros foi, pois, celebrado como força divina, como comunhão com o Divino.»
Ora é precisamente a esta «forma de religião» que, segundo Bento XVI, a literatura bíblica opõe uma forte resistência, fazendo-lhe face como a uma «perversão da religiosidade» mais autêntica. E o Santo Padre prossegue dizendo que o Antigo Testamento «não rejeitou de modo algum o eros enquanto tal, mas declarou guerra à sua subversão devastadora, porque a falsa divinização do eros, como aí se verifica, priva-o da sua dignidade, desumaniza-o. De facto, no templo, as prostitutas, que devem dar o inebriamento do Divino, não são tratadas como seres humanos e pessoas, mas servem apenas como instrumentos para suscitar a « loucura divina »: na realidade, não são deusas, mas pessoas humanas de quem se abusa. Por isso, o eros inebriante e descontrolado não é subida, « êxtase » até ao Divino, mas queda, degradação do homem. Fica assim claro que o eros necessita de disciplina, de purificação para dar ao homem, não o prazer de um instante, mas uma certa amostra do vértice da existência, daquela beatitude para que tende todo o nosso ser.»
Desta forma, segundo o pensamento do Papa, dois aspectos se tornam particularmente claros. «O primeiro é que entre o amor e o Divino existe qualquer relação: o amor promete infinito, eternidade − uma realidade maior e totalmente diferente do dia-a-dia da nossa existência. E o segundo é que o caminho para tal meta não consiste em deixar-se simplesmente subjugar pelo instinto. São necessárias purificações e amadurecimentos, que passam também pela estrada da renúncia. Isto não é rejeição do eros, não é o seu « envenenamento », mas a cura em ordem à sua verdadeira grandeza.» E Bento XVI explica: «Isto depende primariamente da constituição do ser humano, que é composto de corpo e alma. O homem torna-se realmente ele mesmo, quando corpo e alma se encontram em íntima unidade; o desafio do eros pode considerar-se verdadeiramente superado, quando se consegue esta unificação. Se o homem aspira a ser somente espírito e quer rejeitar a carne como uma herança apenas animalesca, então espírito e corpo perdem a sua dignidade. E se ele, por outro lado, renega o espírito e consequentemente considera a matéria, o corpo, como realidade exclusiva, perde igualmente a sua grandeza. O epicurista Gassendi, gracejando, cumprimentava Descartes com a saudação: « Ó Alma! ». E Descartes replicava dizendo: « Ó Carne! ». Mas, nem o espírito ama sozinho, nem o corpo: é o homem, a pessoa, que ama como criatura unitária, de que fazem parte o corpo e a alma. Somente quando ambos se fundem verdadeiramente numa unidade, é que o homem se torna plenamente ele próprio. Só deste modo é que o amor — o eros — pode amadurecer até à sua verdadeira grandeza.»
Proponho ainda que se considerem palavras como as seguintes contidas na mesma primeira parte da Encíclica Deus caritas est: «Hoje não é raro ouvir censurar o cristianismo do passado por ter sido adversário da corporeidade; a realidade é que sempre houve tendências neste sentido. Mas o modo de exaltar o corpo, a que assistimos hoje, é enganador. O eros degradado a puro « sexo » torna-se mercadoria, torna-se simplesmente uma « coisa » que se pode comprar e vender; antes, o próprio homem torna-se mercadoria. Na realidade, para o homem, isto não constitui propriamente uma grande afirmação do seu corpo. Pelo contrário, agora considera o corpo e a sexualidade como a parte meramente material de si mesmo a usar e explorar com proveito. Uma parte, aliás, que ele não vê como um âmbito da sua liberdade, mas antes como algo que, a seu modo, procura tornar simultaneamente agradável e inócuo. Na verdade, encontramo-nos diante duma degradação do corpo humano, que deixa de estar integrado no conjunto da liberdade da nossa existência, deixa de ser expressão viva da totalidade do nosso ser, acabando como que relegado para o campo puramente biológico. A aparente exaltação do corpo pode bem depressa converter-se em ódio à corporeidade. Ao contrário, a fé cristã sempre considerou o homem como um ser uni-dual, em que espírito e matéria se compenetram mutuamente, experimentando ambos precisamente desta forma uma nova nobreza. Sim, o eros quer-nos elevar « em êxtase » para o Divino, conduzir-nos para além de nós próprios, mas por isso mesmo requer um caminho de ascese, renúncias, purificações e saneamentos.»
A grande questão, porém, permanece a de saber como melhor se pode configurar este caminho de «ascese e purificação» de que nos fala Bento XVI na sua extraordinária Encíclica. Assim, perguntando-se sobre como deve, ou pode, o amor ser vivido para que em nós plenamente se realize a promessa humano-divina de felicidade e plenitude, o Papa remete-nos para o Cântico dos Cânticos, um dos livros mais belos, e enigmáticos, do Antigo Testamento. Escreve o Papa: «Segundo a interpretação hoje predominante, as poesias contidas neste livro são originalmente cânticos de amor, talvez previstos para uma festa israelita de núpcias, na qual deviam exaltar o amor conjugal. Neste contexto, é muito elucidativo o facto de, ao longo do livro, se encontrarem duas palavras distintas para designar o « amor ». Primeiro, aparece a palavra «dodim », um plural que exprime o amor ainda inseguro, numa situação de procura indeterminada. Depois, esta palavra é substituída por « ahabà », que, na versão grega do Antigo Testamento, é traduzida pelo termo de som semelhante « agape », que se tornou, como vimos, o termo característico para a concepção bíblica do amor. Em contraposição ao amor indeterminado e ainda em fase de procura, este vocábulo exprime a experiência do amor que agora se torna verdadeiramente descoberta do outro, superando assim o carácter egoísta que antes claramente prevalecia. Agora o amor torna-se cuidado do outro e pelo outro. Já não se busca a si próprio, não busca a imersão no inebriamento da felicidade; procura, ao invés, o bem do amado: torna-se renúncia, está disposto ao sacrifício, antes procura-o.» E o Papa como que nos oferece uma primeira conclusão nestes termos: «Faz parte da evolução do amor para níveis mais altos, para as suas íntimas purificações, que ele procure agora o carácter definitivo, e isto num duplo sentido: no sentido da exclusividade − « apenas esta única pessoa » − e no sentido de ser « para sempre ». O amor compreende a totalidade da existência em toda a sua dimensão, inclusive a temporal. Nem poderia ser de outro modo, porque a sua promessa visa o definitivo: o amor visa a eternidade. Sim, o amor é « êxtase »; êxtase, não no sentido de um instante de inebriamento, mas como caminho, como êxodo permanente do eu fechado em si mesmo para a sua libertação no dom de si e, precisamente dessa forma, para o reencontro de si mesmo, mais ainda para a descoberta de Deus: « Quem procurar salvaguardar a vida, perdê-la-á, e quem a perder, conservá-la-á » (Lc 17, 33) — disse Jesus; afirmação esta que se encontra nos Evangelhos com diversas variantes (cf. Mt 10, 39; 16, 25; Mc 8, 35; Lc 9, 24; Jo 12, 25).»
Dito isto, desejo concluir a presente Nota com as seguintes observações de Bento XVI, certamente admiráveis, desde logo pela sua pertinência e acuidade: «No debate filosófico e teológico, estas distinções foram muitas vezes radicalizadas até ao ponto de as colocar em contraposição: tipicamente cristão seria o amor descendente, oblativo, ou seja, a agape; ao invés, a cultura não cristã, especialmente a grega, caracterizar-se-ia pelo amor ascendente, ambicioso e possessivo, ou seja, pelo eros. Se se quisesse levar ao extremo esta antítese, a essência do cristianismo terminaria desarticulada das relações básicas e vitais da existência humana e constituiria um mundo independente, considerado talvez admirável, mas decididamente separado do conjunto da existência humana. Na realidade, eros e agape − amor ascendente e amor descendente − nunca se deixam separar completamente um do outro. Quanto mais os dois encontrarem a justa unidade, embora em distintas dimensões, na única realidade do amor, tanto mais se realiza a verdadeira natureza do amor em geral. Embora o eros seja inicialmente sobretudo ambicioso, ascendente − fascinação pela grande promessa de felicidade − depois, à medida que se aproxima do outro, far-se-á cada vez menos perguntas sobre si próprio, procurará sempre mais a felicidade do outro, preocupar-se-á cada vez mais dele, doar-se-á e desejará « existir para » o outro. Assim se insere nele o momento da agape; caso contrário, o eros decai e perde mesmo a sua própria natureza. Por outro lado, o homem também não pode viver exclusivamente no amor oblativo, descendente. Não pode limitar-se sempre a dar, deve também receber. Quem quer dar amor, deve ele mesmo recebê-lo em dom. Certamente, o homem pode − como nos diz o Senhor − tornar-se uma fonte donde correm rios de água viva (cf. Jo 7, 37-38); mas, para se tornar semelhante fonte, deve ele mesmo beber incessantemente da fonte primeira e originária que é Jesus Cristo, de cujo coração trespassado brota o amor de Deus (cf. Jo 19, 34).»
Em suma, neste Dia dos Namorados, e num tempo que na Igreja se vive à sombra do anúncio de Bento XVI da sua renúncia ao ministério Petrino, gesto de sublime, corajoso e radical amor agápico pela Igreja e a própria Humanidade, penso que todos podemos, e devemos, considerar de novo nas nossas vidas o que seja não só a força, ou até os ímpetos do amor (de um certo tipo de amor), mas também a qualidade que vemos, reconhecemos e, sobretudo, queremos e podemos imprimir ao mesmo. É que, de entre todas as coisas, amar é preciso, pois sem amor não ninguém pode, de verdade, viver. Só que a questão não é essa, mas antes esta: que tipo de amor é aquele que busco na vida; mais ainda: que tipo de amor é aquele que ofereço, tanto mais que o amor que se impõe não é amor, ou se o é nada tem a ver com a caritas de que nos fala a Igreja, mas apenas se reduz às loucuras de um eros à solta e sem obediência alguma. Ora se o amor é tudo, uma coisa é certa entre todas: não há melhor amor, mais doce e mais sublime, do que aquele que é construtivo, que edifica, que transforma, que nos eleva e, desse modo, nos permite o gozo da mais autêntica e inconfundível transcendência.
Pe. João J. Vila-Chã, SJ é sacerdote Jesuíta , texto originalmente publicado no Faceebook com a devida autorização do autor.

sábado, 21 de dezembro de 2013

Os croissants mornos do Papa (Aura Miguel)

Aura Miguel OK, opiniao

É assim este Papa: terno e atencioso com todos. E tão depressa leva bolos quentes ao seu vizinho Ratzinger, como não hesita em pegar no telefone e dar os parabéns aos seus amigos.

A sala de refeições da Casa Santa Marta, outrora com pouco movimento, agora está sempre cheia. As mesas raramente têm lugares livres desde que Francisco optou por viver na famosa casa de hóspedes do Vaticano. É que entre os comensais está o próprio Papa. Ao lado do refeitório principal há uma sala reservada para convidados especiais, mas, na maioria dos casos, Francisco prefere tomar as refeições na sala grande, junto dos outros hóspedes. 

A mesa do Papa é sempre a mesma e está colocada a um canto da sala, mas já aconteceu o sucessor de Pedro sentar-se de surpresa num lugar vago de outras mesas, conversando de surpresa e animadamente com os outros comensais. O serviço, tipicamente italiano, inclui primeiro e segundo pratos, mas – tal como os outros hóspedes - Francisco levanta-se para ir ao "buffet" servir-se de salada e outros acompanhamentos e, sempre que passa entre as mesas, não resiste e mete conversa com quem está sentado. 

Quem vive na Casa Santa Marta garante que o clima é muito cordial e bem-disposto. Mas os homens da segurança têm agora mais dores de cabeça, porque a rotina não encaixa no "estilo Bergoglio" e, por isso, nunca se sabe o que pode acontecer.

Há dias, durante o pequeno-almoço, o Papa não estava na sua mesa habitual, nem em qualquer outro lado. Começou a gerar-se uma grande agitação, com vários homens de fato escuro e agentes de segurança enervados a passar revista a toda a casa. Onde estava o Papa? Por onde se teria metido? Toda a gente foi interrogada, a casa passada a pente fino, mas nada! Depois de uns valentes minutos de angústia, descobriram-no finalmente. Bergoglio caminhava pelo jardim, com passada decidida e um saco de papel na mão. Quando finalmente os homens da segurança lhe falaram do susto devido à sua ausência inesperada, Francisco riu-se e explicou que ia ao mosteiro Mater Ecclesia, onde vive Bento XVI, levar-lhe uns croissants mornos, "acabadinhos de fazer, como ele gosta".

É assim este Papa: terno e atencioso com todos. E tão depressa leva bolos quentes ao seu vizinho Ratzinger, como não hesita em pegar no telefone e dar os parabéns aos seus amigos e, se não atendem, deixa afectuosos recados no voicemail do telemóvel. Dedica mais horas a saudar, abraçar e beijar pessoas de todas as idades do que a falar e a ler discursos. Preocupa-se sobretudo com o lado humano e concreto das pessoas com quem se cruza, ao ponto de ter pedido à mãe de um bebé acabado de beijar que lhe pusesse um chapéu porque tinha a cabeça muito quente, ou ainda, no caso de um outro pequenino que chorava com fome, devolveu-o à mãe para ela amamentar o bebé, mesmo ali, na Praça de São Pedro! E como é um Papa "todo-o-terreno", tão preocupado com o quotidiano da vida terrena quanto o é com a vida eterna e salvação de cada um, a misericórdia é talvez a sua palavra preferida, porque remete para a esperança e alegria. 

Se pudesse, Francisco gostaria de abraçar todos, "com amor e ternura como fazem as mães" – tal como explicou numa entrevista, arqueando os braços como se segurasse um bebé – porque "é assim que deve ser a Igreja: dar carinho, cuidar e abraçar". E não é este também o melhor retrato de Francisco?

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

''Caro Papa, caro Odifreddi'': um diálogo sobre a verdade e a fé

A carta é datada de 30 de agosto de 2013 e é assinada Bento XVI-Joseph Ratzinger. A mesma assinatura que o papa teólogo colocou na capa das suas obras, as sobre Jesus de Nazaré, nas quais convidou os estudiosos a contradizê-lo, em um espírito de pesquisa teológica e científica. O texto é em resposta a uma primeira carta que o "inveterado incrédulo" – como ele mesmo se define –Piergiorgio Odifreddi escreveu a Ratzinger justamente buscando no debate com ele não "honrarias formais, mas argumentos substanciais".
A reportagem é de Paolo Rodari, publicada no jornal La Repubblica, 13-11-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A carta de Odifreddi foi escrita em 2011. Foi publicada em livro – Caro papa, ti scrivo – e enviada pelo autor a Bento XVI mediante o seu secretário Georg Gänswein. E quando Odifreddi, "além das razoáveis esperanças", recebeu do papa emérito uma resposta circunstanciada e profunda, foi necessário rever Caro papa, ti scrivo e publicar um novo volume, significativamente intitulado Caro Papa teologo. Caro matematico ateo. Dialogo tra fede e ragione, religione e scienza: "um unicum", escreve Odifreddi.
E continua: "Divididos em quase tudo, mas unidos por um objetivo: a busca da Verdade, com maiúscula. É essa verdade que os críticos do papa, e mais modestamente também os meus, rotulam como 'fundamentalismo': teológico, em um caso, científico, no outro. É essa Verdade que nós dois pensamos não só podermos encontrar, mas também já ter encontrado: um na religião e no cristianismo, o outro na matemática e na ciência. Um de nós se equivoca, cada um de nós crê que o outro é que se equivoca, e neste livro ambos buscamos explicar por quê".
A resposta de Ratzinger a Odifreddi diz mais coisas. Acima de tudo, mostra o verdadeiro rosto do homem da Igreja superficialmente demais definido como "panzerkardinal" nos tempos em que ele era prefeito do ex-Santo Ofício e como "papa conservador" assim que subiu ao sólio de Pedro.
Nada de mais falso. Na realidade, Ratzinger é um fino teólogo que, como o seu sucessor Francisco, busca o debate com todos, não crentes em primeiro lugar. Odifreddi, depois, toca na sua ferida dissertando principalmente sobre aquela Introdução ao cristianismo, que, segundo muitos, continua sendo uma das suas obras mais bem sucedidas.
Ratzinger a escreveu em 1968, tocando com força na sabedoria do seu mestre, o teólogo ítalo-alemão Romano Guardini, que, em 1938, tinha dedicada ao tema a esplêndida obra A essência do cristianismo.
Guardini foi um farol para Ratzinger, que dele também aprendeu a paixão pela escuta e pelo debate. Era nas colinas da Ilha Vicentina que Guardini, passando dias de férias em uma propriedade rural sua, meditava e recebia as visitas de ilustres personagens como o cardeal Angelo Giuseppe Roncalli, futuro Papa João XXIII, e o filósofo Giuseppe Faggin.
Dizia Guardini: "Quase todas as minhas ideias nasceram e amadureceram aqui, sob as árvores da ilha, entre as suas belas colinas e a vasta planície de vicentina". O mesmo espírito, a mesma paixão pelo estudo e pela pesquisa teológica que é própria do teólogo Ratzinger. Que, provavelmente no seu primeiro verão como papa emérito, no silêncio dos jardins de Castel Gandolfo antes, dos vaticanos depois, encontrou tempo para pegar papel e caneta e escrever ao "Ilustríssimo Senhor Professor Odifreddi..." uma carta profunda e "em parte dura".
Mas – escreve Ratzinger – "a franqueza faz parte do diálogo; só assim pode-se crescer no conhecimento". Odifreddisabe muito bem disso, ele que, não por acaso, na sua primeira carta, tinha "humildemente sugerido" ao papa: "Abaixem as suas defesas!". E tinha citado as palavras de João Paulo II: "Não tenham medo! Não tenham medo! Conhecerão a verdade, e a verdade os fará livres!".

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Imagem retocada de Bento XVI maquiado causa polêmica na Itália

Não são poucas as imagens depreciativas de Ratzinger-Bento XVI que podemos encontrar na internet. Ficou famosa a propaganda da Benetton em que Bento XVI aparece (uma fotomontagem, é claro) beijando o imã sunita do Cairo, Ahmed el Tayyeb. A empresa logo depois tirou a propaganda. Agora, mais um atentado à imagem do Papa emérito: um festival de cinema que visava debater homossexualidade e religião, usou a imagem de Bento XVI no cartaz. Detalhe: o Papa emérito aparece maquiado extravagantemente na imagem. Isso só mostra que o respeito e a tolerância exigidos são unilaterais, que quando se trata de transformar a Igreja em alvo, não há restrições ou acanhamentos. 


A postura da Igreja não é de hostilidade, mas de diálogo, e é isto o que ela recebe em troca. Não há como generalizar, pois isto partiu de um grupo, mas este tipo de postura está se tornando cada vez mais disseminada. Oremos para que a força do Evangelho prevaleça e que os católicos jamais esmoreçam diante dos escárnios. E que quem se coloca diante da Igreja com ódio, baixe as armas e se ponha num diálogo sincero e façam valer para os dois lados o respeito requerido.

O que posso dizer mais? Mateus 16, 18.



segunda-feira, 4 de novembro de 2013

AQUELE RATZINGER ESQUECIDO PELOS "RATZINGERIANOS"

Fantástico texto de Andrea Tornielli, sem dúvida o melhor vaticanista que temos hoje. Ele mostra como muitos, opondo os dois Papas, Bento e Francisco, acabam criando caricaturas de ambos, especialmente de Bento XVI.

http://vaticaninsider.lastampa.it/inchieste-ed-interviste/dettaglio-articolo/articolo/ratzinger-29300/

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

O papado do intelectual: fracasso ou vitória (Dossiê da Revista Cult)

Pouco depois da renúncia de Bento XVI, a revista Cult (n. 177, março de 2013, ano 16), lançou uma edição que continha um longo sobre Bento XVI. A revista informa que ele já vinha sempre preparado e só faltou dizer que foi a mão da Providência que o colocou nas mãos de seus editores da hora certa. Agora, ele está disponível no site. Foi um dossiê equilibrado, com posturas divergentes, obviamente. Mas, ao menos, não ouviram apenas o coro dos descontentes, mas buscaram um balanço mais equilibrado.

http://revistacult.uol.com.br/home/category/dossie-pensamento-forte-ou-fraco-em-bento-xvi/

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Bento XVI acolhe a Virgem de Fátima em sua capela privada.

Muito diferente das imagens que vimos por ocasião da renúncia de Bento XVI e também nos primeiros meses depois da eleição do Papa Francisco, aqui vemos o nosso Papa Emérito mais forte, mais vigoroso, aparentemente. Ad multos annos! Auf viele Jahre! 

Aqui Bento XVI reza diante da imagem da Virgem de Fátima:

http://fratresinunum.com/2013/10/14/bento-xvi-acolhe-a-virgem-de-fatima-em-sua-capela-privada/

sábado, 12 de outubro de 2013

Bento XVI é o primeiro a rezar diante de imagem de Fátima no Vaticano.

Cidade do Vaticano (Rádio Vaticano) – Papa Francisco continua a manifestar deferência e afeto por seu predecessor, Bento XVI. Neste sábado, 12, o Papa Emérito foi o primeiro a rezar diante da Imagem de Nossa Senhora de Fátima, trazida ao Vaticano para a Jornada Mariana do Ano da Fé.

Somente depois da passagem pelo mosteiro Mater Ecclesia, residência de Joseph Ratzinger, a imagem foi levada à Casa Santa Marta.
O Presidente Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, Dom Rino Fisichella, revelou sexta-feira, 11, em coletiva aos jornalistas, que a imagem seria recebida no Vaticano com uma “pequena procissão interna”, após o percurso em helicóptero desde o aeroporto romano de Fiumicino.
É a 12ª vez que a escultura deixa a Cova da Iria e a terceira ida ao Vaticano. A Imagem traz na coroa de Nossa Senhora a bala que feriu o Papa João Paulo no dia 13 de maio de 1981.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

L’arcivescovo Gänswein: la diversità tra Benedetto e Francesco è una ricchezza per la Chiesa

Una vita a servizio di due Papi. Quello di monsignor Georg Gänswein è davvero un ruolo insolito nella storia del papato. Prefetto della Casa Pontificia per Papa Francesco e segretario particolare per Papa Benedetto. Contemporaneamente. Una sfida ma ma anche un osservatorio  che gli permette di aiutarci a leggere il passaggio e la convivenza tra due pontefici.
Negli ultimi mesi, dopo molto discreto silenzio, ha iniziato a raccontare un po’ anche di questo febbraio 2013 che ha segnato la storia e la sua vita. Al settimanale tedesco Bunte ha voluto spiegare che la rinuncia di Benedetto non ha nulla a che fare con vatileaks, ”ho cercato di fargli cambiare idea, senza riuscirci. Aveva preso una decisione“. Un momento difficile da vivere poi quel 28 febbraio “mi sentivo come in una anestesia” dice  l’arcivescovo, che a settembre ha anche preso possesso del titolo di Urbisaglia con una festosa celebrazione nel paesino marchigiano, è pronto a spiegare un po’ del rapporto tra i due Papi.
“Il mio ruolo- dice-  è quello di prefetto della Casa pontificia, ma, per come si è svolta la vita, la realtà è che oggi ci sono due Papi, il Papa regnante e il Papa emerito. Abito con il Papa emerito e lavoro con Papa Francesco, sono quasi ogni giorno con tutti e due, di fatto ne sono un po’ il ponte. È normale. È una cosa che certo non ho cercato, non si sapeva che potesse esistere, ma ora è così e la vedo come un impegno, una sfida e anche una grazia. Cercherò di farlo bene poiché non ci sono precedenti e devo trovare il modo giusto, ed è questa una bella sfida”
Due personalità differenti quella di Benedetto e di Francesco ma , dice Gänswein “la diversità è anche una ricchezza. Ma spesso fino a ora la diversità tra i due Pontefici è stata utilizzata per creare un’antitesi. Psicologicamente forse questo può essere un primo approccio, ma non funziona. E personalmente penso che, se non ci fosse stata la rinuncia di papa Benedetto, l’impatto emotivo di papa Francesco non sarebbe stato possibile in questa maniera. Tra i due c’è una continuità non solo teologica, ma anche una intesa umana. Si vede che vivono la loro fede in modo autentico, ma con espressioni diverse».
C’è ancora molto affetto intorno a papa Benedetto? “Sì, molto. Ciò risulta anche dalle tante, tantissime lettere che arrivano per Benedetto XVI, rimango quasi tutte le sere fino a tardi a smistare e preparare la posta. Lui ha un grande interesse della posta personale e la legge con attenzione e risponde spesso personalmente. La posta arriva da tutto il mondo. Dalla Germania, certo, ma ci sono anche tanti italiani, tanti di lingua francese, spagnola e anglofona che scrivono a Benedetto. Molte sono lettere di ringraziamento, spesso accompagnate con foto, quadri e altri piccoli doni. All’inizio alcuni scrivevano davvero traumatizzati dalla notizia della rinuncia. Adesso arrivano molti ringraziamenti o magari racconti di come hanno vissuto questo “trauma” e di come lo abbiano superato e ringraziano il Papa emerito, gli dimostrano il loro affetto. Con molta serenità assicurano preghiere per i due Pontefici”.
 Ci abitueremo ad avere più Papi insieme in Vaticano. Prevede un nuovo esercizio del ministero petrino?
“Tra Papa Francesco e il suo Predecessore c’è una simpatia spontanea, più volte condivisa visibilmente. Quando ho ricevuto papa Francesco al ritorno dal viaggio in Brasile, mi ha detto: “Ho parlato molto con i giornalisti, anche di papa Benedetto, magari forse troppo, ho parlato del nonno saggio da avere a casa!». La nonna di Papa Bergoglio era una persona chiave per la sua vita ed era come una bussola, e per lui parlare così è un grande segno di stima e di affetto. Non credo che l’esercizio del ministero petrino sia cambiato perché in Vaticano vive il Papa emerito, ma è evidente che con la rinuncia di Benedetto si sia creata una “certa” novità circa il ministero petrino. Se non è più possibile per un Papa svolgere il suo servizio, la sua missione, c’è la possibilità, che del resto esiste da sempre, di rinunciare. Si tratta di un’esperienza nuova per tutti. È una sfida sia spirituale che teologica e storica”.
Vedremo i due Papi insieme alla canonizzazione di Giovanni Paolo II?
” Non sono un profeta. Non lo so. Vedremo”.
Com’era il rapporto fra Giovanni Paolo II e Joseph Ratzinger, il suo amico fidato?
“Il pontificato di Giovanni Paolo ha avuto nel cardinale Ratzinger il suo pilastro teologico. Circa le questioni dottrinali Giovanni Paolo II si è affidato pienamente di Ratzinger. Ci sono tantissimi esempi concreti. Così é cresciuta una fiducia vicendevole e persiste una stima assoluta di papa Benedetto. Quando parla di Giovanni Paolo II lo definiva semplicemente, il Papa. Lui ha avuto un lungo pontificato di quasi vent’anni in piena forza e poi un periodo di sofferenza, lungo quasi quanto l’intero pontificato di Benedetto. E Ratzinger non voleva copiare. Personalità diverse, però con una interna sintonia incredibile. Giovanni Paolo II è probabilmente la persona che papa Benedetto stima di più al mondo”.

Georg Gänswein tentou dissuadir Bento XVI de renunciar

O secretário de Bento XVI e Prefeito da Casa Pontifícia tentou persuadir Bento XVI a não renunciar ao Pontificado. Obviamente, não conseguiu. Mas valeu a tentativa.

http://www.thetablet.co.uk/latest-news/5742

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Ratisbona Revisitada: As Raízes da Violência Islâmica

Um belo artigo do Pe. James Schall, que se questiona sobre o silêncio das autoridades muçulmanas diante do massacre de cristãos por grupos muçulmanos extremistas, radicais. Ele mostra a importância de voltarmos à conferência de Regensburg, considerada por muitos um dos grandes equívocos diplomáticos do pontificado de Bento XVI, mas que agora, com o sangue tantos cristãos vertendo como rio caudaloso, é de perguntar aos críticos de nosso papa emérito: ele estava errado? Pe. Schall tem a resposta.


As três charges a seguir, evidenciando a incoerência de muitas reações ao discurso papal na ocasião, ilustram bem o texto:

Bento XVI recebe o nono da Itália




Banfi con Benedetto XVI
BANFI CON BENEDETTO XVI

Lo ha raccontato l'attore nel corso di un'intervista con radio RTL 102.5

ANDREA TORNIELLICITTÀ DEL VATICANO

Il Papa emerito Benedetto XVI ha incontrato nel monastero di clausura dove vive in Vaticano l'attore italiano Lino Banfi. Un incontro durato - rivela lo stesso Banfi intervistato da radio RTL 102.5 - circa mezz'ora.

«Sono stato ricevuto per 35 minuti da Ratzinger - ha raccontato l'attore a Nicoletta Deponti e Gabriele Parpiglia nel corso del programma “Password" - Benedetto XVI sta bene. Legge e suona il piano». Banfi aveva partecipato alla veglia della Giornata mondiale della famiglia a Valencia, in Spagna, nel luglio 2006.

«Ho avuto questo onore - ha detto Banfi - ed è stata una cosa meravigliosa. Abbiamo parlato della fiction "Un medico in famiglia". Quando parlai in sua presenza nel 2006 a Valencia, con il mio spagnolo-pugliese, dissi che se io ero il "nonno d'Italia", lui, il Papa, era "il nonno del mondo". Scoppiò un applauso fortissimo e alla fine Benedetto XVI mi ringraziò per quella definizione».


«L'ho trovato serenissimo - ha aggiunto l'attore - e gli ho chiesto: "Che fa qui?". Mi ha risposto: "Suono, leggo, studio, prego. Sto benissimo"». Le notizie riportate da Lino Banfi confermano che dopo un primo periodo problematico, subito dopo la rinuncia, Joseph Ratzinger ha riacquistato le forze e sta bene. Il Papa emerito, che vive «nascosto al mondo» Oltretevere, il mese scorso aveva celebrato la messa per gli ex allievi dello shulerkreis nella chiesa del Governatorato vaticano, e nei giorni scorsi è stata resa nota parte di una lunga lettera che Ratzinger ha inviato al matematico ateo Piergiorgio Odifreddi, autore del libro «Caro Papa ti scrivo».

http://vaticaninsider.lastampa.it/news/dettaglio-articolo/articolo/ratzinger-ratzinger-ratzinger-28299/

Bento XVI poderá acompanhar a canonização dos Beatos João Paulo II e João XXIII

Cidade do Vaticano (Quarta-feira, 02-10-2013, Gaudium Press

Durante uma coletiva de imprensa realizada na Santa Sé, o Padre Frederico Lombardi, porta-voz do Vaticano, afirmou que o Papa Emérito Bento XVI poderia estar presente na cerimônia de canonização dos Beatos João Paulo II e João XXIII, que será celebrada no próximo dia 27 de abril, em 2014.
"Não há uma razão legal ou doutrinal para impedir que Bento XVI participe de uma cerimônia pública", afirmou o sacerdote.
Entretanto, a possibilidade da presença do Santo Padre ainda não está confirmada, devido suas condições de saúde. Bento XVI serviu à Igreja em estreita colaboração com o Beato João Paulo II, durante seu pontificado.
A participação do Papa Emérito constituiria em um evento sem precedentes na história da Igreja Católica: dois papas sendo canonizados em uma cerimônia, onde dois papas da atual geração estariam presentes, sendo apenas um deles o detentor da autoridade da Igreja.
Após o pedido de renúncia do cargo de Papa, em fevereiro deste ano, Bento XVI continua com sua vida de oração e recolhimento no Vaticano. (GPE/LMI)
Com informações CNA.

http://www.gaudiumpress.org/content/51374#ixzz2geeLO76G 

terça-feira, 1 de outubro de 2013

A beleza na Teologia de Bento XVI

Para não esquecermos de que o Belo, a Beleza, faz parte da revelação de Deus, de que o feio não deve ter lugar nem em nossas vidas, nem em nossas liturgias, nunca é demais aprendar com Ratzinger sobre isso. Ratzinger, tem a sua "Teologia da Beleza", pois Deus é a verdadeira Beleza, não é mesmo?

http://lumenveritatis.org/articles/selectedarticles/Charles_Morerod._A_beleza_na_Teologia_de_Joseph_Ratzinger.__Lumen_Veritatis,_v._1,_n._4,_2008,_p._22-43.pdf

Lumen Veritatis: submissão de artigos sobre Ratzinger

Não sei se ainda dá tempo, mas a Revista Lumen Veritatis, dos Arautos do Evangelho, vai lançar um número só sobre o pensamento de J. Ratzinger. Se alguém tiver um artigo prontinho para submeter, eis o link (dê uma olhada mais abaixo):

http://lumenveritatis.org/lumenveritatis/index.php/LV/index


domingo, 29 de setembro de 2013

OBRAS COMPLETAS DE RATZINGER EM ESPANHOL

Nós não temos essa graça (por falta de boa vontade/coragem editorial brasileira, diga-se). Mas há pelo menos três países que estão publicando a Opera Omnia de Joseph Ratzinger: Alemanha (Herder), Itália (Libreria Editrice Vaticana) e Espanha (Biblioteca de Autores Cristianos). Esta última já publicou dois volumes. Coloco o link espanhol aqui pois é a língua mais próxima, se assim posso me expressar, do português. Veja o plano geral a obra a seguir:



O Diretor da BAC, o Pe. Carlos Granados, que aparece na foto acima à esquerda, explica longamente o projeto editorial na entrevista seguinte:


Quem sabe um dia veremos a obra toda em português? Ou aqui só se publica Pagola e outros livros do gênero? Livros de sólida doutrina não vendem no Brasil? No que me conste, a Distribuidora Loyola vende os livros da BAC. Um consolo. 

Carta de Bento XVI ao matemático Piergiorgio Odifreddi. Um diálogo aberto

O respeito do interlocutor é medido pela capacidade de escuta. Quanto mais minuciosa é a atenção que é dedicada às palavras que nos são dirigidas, mais o debate se torna diálogo. Atitude, esta, que só se torna construtiva na medida em que é genuinamente recíproca.
A reportagem é de Giulia Galeotti, publicada no jornal L'Osservatore Romano, 25-09-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Tempo atrás, Piergiorgio Odifreddi enviou a Bento XVI o seu livro Caro Papa, ti scrivo (Milão: Mondadori, 2011). E o papa emérito lhe respondeu com uma longa carta, que o jornal romano La Repubblica do dia 24 de setembro antecipa em parte (pouco menos da metade), enquanto o texto integral será publicado na nova edição do livro de Odifreddi.
Joseph Ratzinger se desculpa pelo intervalo de tempo decorrido entre a recepção do livro e a sua réplica, datada de 30 de agosto de 2013 e endereçada à residência turinense do cientista. Um intervalo de tempo certamente não imputável aos 698 quilômetros de distância entre o mosteiro no Vaticano e a casa do matemático, no verde da cidade de Savoy, mas devido à atenção que, entre os seus muitos compromissos, Bento XVI quis dedicar ao volume.
Joseph Ratzinger é preciso e acurado. Na longa carta – que revela uma gentileza natural, uma mão estendida não formalmente ao seu interlocutor –, Bento XVI vai direto ao ponto das páginas lidas, dos traços de proximidade colhidos pelo cientista ateu e compartilhados pelo papa teólogo, dos pequenos (e nem tão pequenos) erros presentes no texto, detendo-se portanto – com a experiência que lhe é reconhecida até mesmo pelos adversários – tanto nos pontos de encontro, quanto nas discrepâncias, resumíveis, estas últimas, em uma tripartição.
Algumas delas são aceitáveis em uma ótica de confronto entre posições que são, e continuam sendo, diferentes; outras, não aceitáveis, por serem injuriosas (mesmo quando formuladas, com habilidade, apenas como perguntas); outras, enfim, nada convincentes.
Tudo, porém, sempre em um tom de autêntica busca de diálogo, no respeito e na estima pelo interlocutor. Em um percurso que parte das Escrituras sagradas ao judaísmo e ao cristianismo, atravessa a história, chegando até os dias, também sofridos, da Igreja de hoje, não esquecendo nem os aspectos mais bonitos e fecundos, nem os mais mais terríveis e escandalosos.
Piergiorgio Odifreddi contesta – rotulando-o como distinção já ultrapassada desde o distante 1968 em virtude da entrada em cena das inteligências artificiais – o fato de que uma razão objetiva sempre precisa de um sujeito, uma razão, portanto, consciente de si mesma. Pois bem, com precisão, Bento XVI rebate explicando como, na realidade, é justamente (e também) a própria inteligência artificial que demonstra o assunto, tratando-se de uma inteligência confiada a aparelhos e transmitida a eles por sujeitos conscientes, isto é, atribuível à inteligência humana daqueles que criaram os mesmos aparelhos.
Esse é apenas um dos muitos pontos analisados na longa, rica, apaixonada e nítida carta de resposta por parte de um homem que quer – e que, por toda a sua vida, sempre quis – um verdadeiro diálogo entre a fé dos cristãos e a fé científica. Uma busca de diálogo evidentemente captada pelo matemático italiano.
Além disso, lendo todo o texto do papa emérito, fica claro como o seu interesse é autêntico, voltado a dialogar até com aquela parte de mundo e de fé científica que, a bem ver, interrompe a busca do confronto de maneira que acaba sendo dogmática, quase como se não quisesse mais perguntar, mas somente amestrar o interlocutor.
Os muitos exemplos que poderiam ser trazidos à tona entre aqueles apresentados por Bento XVI, porém, giram inevitavelmente em torno daquilo que, para Joseph Ratzinger, é o ponto central, que não pode ser ignorado, do diálogo entre a fé chamada científica e a fé dos cristãos. É o aspecto da passagem dos lógoi ao Logos, uma passagem que a fé cristã fez juntamente com a filosofia grega. Uma passagem que pode até não ser feita, mas que deve, necessariamente, ser considerada e avaliada – de modo científico, se deveria dizer – para que as partes em diálogo permanecem ambas realmente em busca.
Na carta, também são evocadas a questão muito debatida dos antropomorfismos – para a qual Bento XVI recorda a validade permanente da afirmação do Concílio de Latrão IV de 1215 sobre a possibilidade somente analógica de pensar Deus – e a questão incandescente da evolução.
Bento XVI cita o Pseudo-Dionísio, o Areopagita, e depois cita não só Francisco, Clara, Teresa de Ávila e Madre Teresa, mas também Agostinho, Martin Buber, Jacques Monod e a inspiração da música de Bach, Mozart, Haydn,Beethoven. E, claramente, cita Piergiorgio Odifreddi.
Porque Ratzinger optou por responder a um professor universitário italiano que, movido pela franqueza, buscou um diálogo aberto com a fé da Igreja. Entre contrastes e convergências.



quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Introdução ao Espírito da Liturgia (1)

Quando eu penso que no Brasil não vai sair mais nada de Ratzinger, as Edições Loyola publicam "Introdução ao Espírito da Liturgia". Nesse livro, o tradutor valeu-se da edição italiana e não da alemã, ao contrário da edição portuguesa. Depois farei alguns breves comentários sobre algumas deficiências notórias da tradução lusitana. Por enquanto, só faço a apresentação desta.

Ratzingerianos do Brasil, uni-vos!

Nasce hoje o "Ratzinger Brasil".

Pensei em diversos nomes para este blog. Mas se impôs a mim a necessidade de criar um espaço onde eu pudesse expôr permanentemente tudo o que vou encontrando em minhas pesquisas de e sobre Bento XVI-Joseph Ratzinger (especialmente o que é publicado em língua portuguesa, tanto no Brasil quanto em Portugal).

Fiz questão de colocar o nome de nosso país para estimular a união de todos aqueles que em terras brasileiras se identificam com o pensamento, ou melhor, com a teologia de J. Ratzinger ou que foram particularmente confirmados na fé pelo magistério de Bento XVI. 

Mas que tipo de união eu tenho em mente?

Inicialmente, são três os objetivos: 

1) partilha de livros e artigos digitalizados de Ratzinger; 
2) informar sobre as publicações de e sobre Ratzinger-Bento XVI, resgatando obras passadas e ir dando notícia de lançamentos;
3) disponibilizar links de artigos, comentários e quaisquer outros materiais sobre o nosso autor.

Tudo, prioritariamente, em língua portuguesa. Não excluindo informações relevantes em outro idioma.

Por isso, aos leitores, eu peço: o que acharem de interessante, enviem-me.

Mas adiante, penso em começar a criar uma lista de membros, a fim de criar algo como um Círculo de Estudos em torno do pensamento de Ratzinger.... Quem sabe....

Enfim, esses são os meus objetivos. Eu só quero ser um colaborador do Colaborador da Verdade (Cooperatores Veritatis). Para muitos, pode parecer uma iniciativa tardia. Afinal, Bento XVI já renunciou. Ele deixou o papado, mas o seu pensamento não perdeu em atualidade, nem em brilho. Infelizmente, as pessoas de nosso tempo ainda  não o entenderam plenamente... 

Termino com um frase de Nietzsche, na qual está falando de si mesmo, mas que eu atribuo a Bento XVI:

Os maiores acontecimentos e pensamentos – mas os maiores pensamentos são os maiores acontecimentos – são os que mais tardiamente são compreendidos: as gerações que lhe são contemporâneas não vivem tais acontecimentos – sua vida passa por eles. Aqui acontece algo como no reino das estrelas. A luz das estrelas mais distantes é a que mais tardiamente chega aos homens; e, antes que chegue, o homem nega que ali – haja estrelas. “De quantos séculos precisa um espírito para ser compreendido?” – esta é também uma medida, com ela se cria também uma hierarquia e etiqueta, como é preciso: para espírito e estrela.” (Além de Bem e de Mal, 285).